Como a grande maioria das mulheres engravidei sem informação nenhuma sobre o assunto. Tudo que eu pensava era: Vou engravidar, escolher o nome, padrinhos, decorar o quarto, comprar enxoval.. Pensei em tudo, menos no parto. Bom, eu sempre ouvia falar que o parto normal é melhor, mas nunca ninguém me explicou o porquê, então comecei a pensar sobre a cesárea, afinal não doía nada, e eu teria minha filha pertinho de mim mais cedo.. Como eu estava errada! E graças a Deus percebi isso antes do parto.. Mas infelizmente não foi o suficiente. Fiz todo meu pré-natal particular, bem que eu tentei fazer pelo SUS, mas não tinha médico, as consultas eram com enfermeiros, então optei por fazer particular, para ter um atendimento melhor, achei que teria mais infirmações sendo que estava pagando. Outro erro!
No início do meu pré-natal tive uma obstetra que era ótima (hoje eu percebo), mas quando fui diagnosticada com pré-eclâmpsia, e ela me disse que eu poderia ter um parto normal, achei que ela era louca, sendo que TUDO que eu tinha pesquisado dizia o contrário, tinha que ser cesárea, ou eu poderia entrar em coma. Então lá fui eu, apavorada, a procura de outro obstetra, e lógico, não foi difícil encontrar um que quisesse receber por 30 min de trabalho..
Ele só me disse que tinha que ser cesárea, que marcaríamos na clínica tal.. fui internada algumas vezes com pressão alta, e na ultima vez minha pressão chegou a 17/12, então fomos nós para a cesárea 2 dias depois. Eu estava tranquila, pressão 12/8 e em 30 min a Camille nasceu.. Era linda e saudável, mas foi triste, eu não consegui chorar quando ela nasceu.. Fui me emocionar já era noite.. Até hoje eu choro quando assisto um PN, e sinto também que ela ainda não nasceu, que ela ainda faz parte de mim, parece que não somos 2 pessoas, mas sim 1 só.. Me foi explicado, que sinto isso justamente por não ter passado pela transição do parto, que na verdade ela não nasceu, eu não pari.. ela simplesmente veio ao mundo. Estou trabalhando isso ainda.. Enfim, depois de tudo mais calmo, comecei a pesquisar mais e mais sobre o assunto, descobri que poderia ter tido um parto normal, fui tendo contato com pessoas adeptas ao movimento de humanização e parto domiciliar e logo veio a vontade de ser doula.. Mais uma vez, não tive apoio.. Meu marido não apoiava, mas pior do que isso, foi minha mãe.. - Filha, vocês precisam de dinheiro, pra que vai trabalhar com isso?
Mas chegou uma hora que eu disse, eu vou! Estou comprando as passagens, o dinheiro é meu, o sonho é meu, e eu não vou ser mais uma frustrada simplesmente porque fui fraca, sem atitude! E fui! Foi bem difícil pra mim, ficar longe do meu marido e filha nesse tempo, mas o curso era tão bom, que tive que continuar. E foi lá, no curso que eu tive a certeza absoluta de que é isso que eu quero pra minha vida.. Ajudar, humanizar, revolucionar, informar! Agora meu marido me apoia muito, inclusive ajuda, dá dicas, conversamos sobre o tema. Ele viu que não foi só uma vontade inventada, percebeu que eu quero realmente isso, e acredita em mim como profissional.
Hoje eu sei qual o meu papel no mundo, e não abro mão disso!
Nenhum comentário:
Postar um comentário